O Maior Espetáculo da Terra

Ilustração: Rogerio Rios

Tudo começou com uma longa canção de quase vinte e cinco minutos, “The Greatest Show on Earth” [O Maior Espetáculo da Terra], da banda finlandesa Nightwish. Afinal, ela servia para o mancebo aqui em questão passar bem durante as aulas de química do ensino médio. O disco evolucionista, que havia acabado de sair, era influenciado pelas ideias ateístas disseminadas por Richard Dalkins – realmente uma grande inspiração para as letras.

O jovem retratado neste texto dizia-se ateu unicamente por ser visto como diferente da maioria dos seus colegas. Fugir da regra era a melhor opção para mostrar-se consistente. Até porque os ditos crentes o eram apenas por osmose.

Separada em atos, criando esferas diferentes, o som dava emoção à aula. Os colegas já sabiam, aquele era o momento de o rapaz escutar música. Era só sentir aquela canção específica por duas vezes. E pronto! A aula estava em seu término. Portanto, nem odiava tanto assim aquele momento, apesar de o professor não ter métodos nada interessantes em seu ensino ultrapassado. Tentava encontrar-se, dentro da disciplina, em sua casa com vídeos dos grandes educadores.

A canção: uma absoluta explosão, explorando a busca do homem pelo entendimento, que viraria mantra à altura em que o verso “We were here” [Nós estivemos aqui] é repetido quatro vezes – vibrado pelo público nos shows com intensidade nunca vista antes. E a história do que veio, poderia vir e ter vindo, e virá. Como o homem às vezes se acha grande, no entanto, é pequeno diante disso tudo! Tudo vem e vai. O que era como antes voltará ao seu estado inicial de um jeito ou de outro, menos a mente humana. Após ter entrado em contato com grandes clássicos literários de todos os tempos, tudo passou a fazer ainda mais sentido.

Nosso protagonista sentia o som à sua maneira e queria que todos ao seu redor também tivessem conhecimento daquilo. Pensava em como pedir àquelas pessoas para que, neste mundo tão efêmero, elas parassem suas vidas por “tanto tempo” e se dedicassem a uma canção assistindo ao fascinante vídeo realizado por fãs. Ele insistia, percebia que alguns diziam assistir apenas para satisfazê-lo, outros mostravam empolgação, porém, não como ele esperava. Mas, no fundo, bem no seu íntimo, ele sabia que todos conheceriam aquela emoção algum dia.

Beatriz Biscarde

Graduada em Letras - Inglês, especialista em Literatura em Língua Inglesa e vocalista da banda de rock gótico/ pós-punk Entre 4 Paredes.

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