Clube dos Bons Sons

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O Mundo é Punk!

Ilustração: Rogerio Rios

I wanna sniff some Glue, I Don’t wanna be Sedated, I wanna be your Boyfriend
Curiosamente assim, nasceu o punk novaiorquino em meados da década de 1970 (acho muito estranho usar o MIL E NOVECENTOS, outrora me referia apenas como década de setenta), completamente adolescente tal qual o próprio roquenrou que estava fazendo meros vinte anos então. Básico, simples, com energia adolescente e letras idem.

Curiosamente, em algum lugar ali que ninguém sabe precisar, o punk foi adquirindo tons políticos de revolta e isso, claro, vai se refletir no som e principalmente nas letras.

Punk e política se tornaram indissociáveis, e a década de 1980 (mil novecentos...) estampava seus temas e preocupações nas letras do Hardcore. Guerra fria, ameaças nuclear, terrorismos, ecologia (Cólera, Verde não devaste), feminismo e igualdades eram constantes na poesia punk.

Pois bem, creio que me conheçam e saibam minhas histórias e predileções, e, mesmo sendo repetitivo, não me repetirei nesse assunto, não nesse texto. Mas não posso me furtar a, sendo punk e cientista político, escrever umas linhas sobre nossos dias.

Desde sábado, parte do mundo está assutada e com medo dos acontecimentos no Oriente médio. O Hamas, grupo árabe cujo objetivo é destruir Israel, cometeu um dos crimes mais bárbaros da história recente. Após lançar centenas de foguetes em território israelense, fez, pela primeira vez, uma incursão organizada ao território, fazendo uma verdadeira limpeza étnica até onde conseguiu alcançar. Nada nem ninguém escapou da fúria assassina do Hamas.

Israel respondeu ao ataque com uma declaração de guerra ao Hamas e desde então mantém uma enorme ofensiva de bombardeios a Gaza, que está sem energia elétrica, sem remédios, comida e mesmo água dado o bloqueio israelense.

A região da faixa de Gaza tem metade do tamanho de SALVADOR e dois milhões de pessoas sem casa, água, hospital ou para onde ir. O cerco vai durar até que Gaza esteja “segura” (melhor seria dizer: arrasada) o suficiente para que o exército israelense entre por terra e ocupe. Se o ataque terrorista do Hamas foi inédito em mortandade, a resposta de Israel também vai ser.

A história do oriente médio é complexa, tem dezenas de camadas, e cada um escolhe a data que quer contar para provar seu ponto. O único fato inconteste é que o conflito e os ódios foram estimulados e benéficos pra ultra-direita israelense e para os terroristas do Hamas. Eles dois são os principais vencedores da guerra atual. Todo resto perde, principalmente os habitantes de Gaza.

Perde a humanidade.

Nos anos 80 estaríamos gritando isso em alguma garagem. Hoje, quase cinquentão, grito aqui.