O Sucesso, Segundo o Reverendo T

Johnny Cash, photo by Jim Marshall

Johnny Cash, photo by Jim Marshall

Fim da pandemia e de tempos sombrios. Tudo parecendo normal. Um novo normal, né?

Uma brisa suave sopra na noite semi deserta do boêmio bairro do Rio Vermelho, reduto de, entre outras coisas, bares onde se ouvia rock e outros sons na cidade do axé na cidade do horror.

Mas a verdade que salva e liberta, é uma só: alguma coisa aconteceu nos nossos corações e nas ruas fervilhantes desse glorioso refúgio noturno. Os sons sumiram, ou melhor, muita gente desapareceu da nossa já frágil cena. Que cena? Diriam os urubus de plantão.

Um olhar mais apurado pode perceber de cara que muita coisa mudou. Bares fecharam, pessoas sumiram e um certo ar de medo e apreensão tomaram de assalto o nosso pacato (?) bairro.

Em conversas com outros empreendedores, tentamos entender o que está acontecendo; e chegamos à conclusão que a falta de grana e de incentivos por parte dos governantes é quase uma unanimidade. E tem também a falta de segurança.

Da minha parte, sempre acho que o pior mesmo é a acomodação da classe roqueira, que não frequenta a cena e só dão as caras quando vão tocar. Muitos deles nem ficam para ver as outras bandas. Mania antiga que não agrega e nem fortalece.

A Bardos Bardos, um desses redutos, fechou e deu lugar ao Área 51, que manteve um pouco daquele espírito selvagem de quem lutava por um cena plural e inclusiva.

Também surgiu o nosso Blá Blá Blá, apesar de ter uma proposta diferente, trazendo no seu DNA o mesmo espírito punk. Desta vez com Wilson e esse que vos escreve dividindo o comando.

Mas e daí?

O certo é que, o mais importante de tudo isso sumiu do nosso radar: o público! Ele nunca foi grande, agora não passa de alguns abnegados que são observados de longe por olhos críticos e cheios de teorias, mas com a coragem enfiada no rabo, incapazes de fazer algo concreto.

Entretanto, é bom lembrar: o espírito rebelde está presente e atento, em alguns, viu?! E se os jovens estão chegando, sim eles estão, com seus novos sons, roupas e atitude não nos resta outra coisa a fazer a não ser, apoiar.

Ouvir o canto da sereia e entender que o novo sempre vem, mesmo que para isso os velhos guerreiros da cena precisem se reinventar.

Os Rolling Stones estão prestes a lançar um novo álbum, apesar dos 80 anos de cada um deles, com planos para outros. Viu? Ouviu?

Da minha parte, com meus mais de 60 anos, e muitos deles dedicados aos rock, só tenho uma receita para o sucesso: faça você mesmo! E se der errado, faça como disse Raul: Tente Outra Vez.

É isso, mas tem sempre muito mais.

Creia!

Tony Lopes

Agitador cultural, escritor, músico e um veterano colecionador de fracassos. Também conhecido como Reverendo T.

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