Alento e Prazer Na Nova Safra do Rock Baiano
Semana longa, extremamente cansativa, mas prazerosa. Além do meu trabalho estar em ritmo acelerado, algumas decisões e providências tiveram que ser tomadas, e outras tantas estão a caminho. Mas nos últimos dias, minhas noites têm sido acompanhadas de alguma ilucidez e muita música baiana.
Saí de salvador pela primeira vez em 1995, pouco após o re-re-renascimento do rock baiano, ali lideradas pela Dead Billies, Brincando de Deus e Dr(!).Cascadura (DDD), e uma porrada de bandas irmãs que orbitavam, que nasceram também vendo a Úteros, mas ao mesmo tempo eram crias da DDD.
Trinta. Trinta anos depois estou ouvindo o re-re-re-re-renascimento do enfermo rock e do moribundo rock baiano. Não estou economizando palavras ou adjetivos… sou júri do prêmio do Clube (podia falar isso, direção??) , por labuta voluntária, tenho que ouvir TODAS AS MÚSICAS concorrentes, e algumas vezes!!!
Primeiro ponto do prazer: em que pese as diferenças de qualidade sonora, gravação, edição e blablabla, o nível de profissionalismo me impressionou. Não há nenhuma que me soe desagradável, que incomode na equalização e atributos técnicos nessa seara. Nada disso é conquistado sem muito suor, sem muita curiosidade, sem muitas horas querendo entender a música. Produtores e estúdios podem até ser pagos, mas sem o artista perto, os resultados seriam bem diferentes, CREIAM!
O segundo, e mais importante ao meu ver, a qualidade estética da Bahia. Desde algo como um Black Metal Épico até um Zé Ramalho moderno, guitarras Cor do Som, passando por excelentes pops, ouvi todo espectro do que podemos chamar rock. O elogio a certa homogenia na técnica sonora agora é ao heterogêneo rock baiano. Traduzindo: Se na qualidade técnica todos se assemelham, nos caminhos pedregosos são bastante diferentes. Igualmente boas, mas completamente diferentes.
Eu chamaria isso de personalidade, de maturidade. Vocês podem chamar do prisma daquela capa do pop-prog Pink Floyd.
Julgamentos são difíceis e impõem duríssimos dilemas. Todos temos predileções, ouvidos treinados para o riff estalado funky ou para um pedal de bumbo duplo. Muitas vezes por ambos. É intrínseco à arte sua própria subjetividade, ou ela seria uma equação chata na lousa da escola.
Como julgador, é até fisicamente cansativo ouvir e ouvir e ouvir horas e dias a fio as músicas para fazer juízo, e ainda mais tentando deixar seus gostos pessoais o mais fora possível. Luta não é uma palavra imprecisa.
Tem estilos que não gosto, contudo não estou montando minha playlist, estou ouvindo para ver qual a qualidade da banda dentro daquele estilo, e não se ouviria num domingo de manhã. E esse drama, essa luta, é muito reconfortante!
Mas a despeito de tudo isso, estou, novamente, ouvindo as mesmas músicas no fim de uma agradável noite lisboeta. Impressionado por tudo que disse acima.
E AINDA ASSIM, é prazeroso. ATÉ POR ISSO é prazeroso.
VOCÊS BROCAM, VELHO!!!!